quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

No Fasano de regata

Para os clientes assíduos do restaurante e os em potencial, pode soar estranho o título acima. A situação é inimaginável se recapitularmos as imagens do suntuoso hotel na rua Vittorio Fasano (o nome não é por acaso), freqüentado por endinheirados que costumam bater o nariz no teto (apesar do pé-direito alto) e desfilar a última moda adquirida a preços exorbitantes.

Apague esta imagem. Dirija-se ao Rio. O bairro não é menos chique: Ipanema. A rua muito menos: Vieira Souto. Só que um detalhe faz toda a diferença: o mar.

Era um almoço de sábado, fui bater um rango por lá. Já acostumada a ir a eventos e restaurantes do mesmo porte (não que eu tenha cacife, mas o trabalho me permite), importei-me devidamente com minhas vestimentas. Notei que foi uma preocupação de paulistano. A descontração de carioca é de deixar qualquer um no chinelo. E de regata.

O entra-e-sai de turistas e o despojamento que a praia nos proporciona tornaram até o Fasano, um ícone de formalidade de São Paulo, em um local mais receptível ao clima tropical. Esses novos “ares” até se refletiram no staff que, muito elegante, adotou o branco para harmonizar com o ambiente iluminado pelo sol carioca.

“Mas à noite não é permitido regata, muito menos chinelos”, avisa André, sommelier que pegou a Ponte Aérea e agora indica vinhos (principalmente brancos) à clientela de línguas variadas.

Nosso almoço começou com uma taça de viúva rosé bem geladinha com o couvert simples e na medida certa – pães, manteiga, creme de queijo, entre outros patês. Nossa entrada esbanjou ingredientes sofisticados: vieiras grelhadas em creme de legumes e blinis com caviar uruguaio. Mas eu esperava uma vieira mais gorda – quando se fala de um prato de R$ 150, eu tenho esse direito. Na seqüência, cavaquinha gratinada com purê de funcho. Estava um espetáculo - perfeito o ponto do fruto do mar, purê de aroma delicado. Realmente o chef Luca Guzzoni, ex-Enoteca Pinchiorri, se adaptou bem às panelas cariocas. A refeição foi muito bem acompanhada do vinho Monteriolo Chardonnay 2003, Luigi Coppo (Piemonte, Itália). Aroma amadeirado mas com vigor das notas cítricas, de excelente equilíbrio e frescor. Ótima escolha de André.

Para finalizar, novamente pedi a sugestão do maître e agraciei meu paladar com o delicado suflê de limão siciliano. André nos serviu uma taça de Coteaux Du Layon 2004 – Domaine Baumard (Loire, França). Proporcionou-nos um excelente final de boca e de refeição.

Aproveitamos a ocasião para levarmos um panettone Fasano. Pra continuar com o sabor de Fasano em casa.

Um comentário:

Ricardo disse...

Regata e chinelo em restaurante, para mim, é sacrilégio. Nojo total.