A pergunta é recorrente quando revelo que sou uma jornalista especializada em gastronomia: "Qual é seu prato inesquecível?". Depois de 10 anos trabalhando na área e há 29 comendo muito, poderia falar do ravióli de lula recheado com sua própria tinta do Martín Berasategui, do sorvete de foie gras do El Bulli (acho inédito em 2001) ou mesmo das ostras com sagu de tapioca, caviar e bisque do Per Se. Mas eles se tornam meros coadjuvantes na minha vida quando aquela cena vem à tona.
Tinha acabado de sair do banho. A água pura da montanha, que abastecia a caixa d'água, sempre deixava meu cabelo lisinho e macio. O friozinho daquele dia ensolarado completava o frescor que sentia no rosto, levemente corado depois de horas brincando na grama de casa. E foi na mesma grama que minha mãe montou uma mesinha e colocou a cadeirinha de madeira, que havia sido do meu avô, para me sentar. Logo que saí do banho, avisou em voz alta: "Seu almoço já está pronto!". Corri para minha cadeira favorita e lá estava meu prato de plástico verde. E nele, minha refeição inesquecível. Arroz branco, misturado com carne moída e pepino picado, levemente temperado com azeite, sal e vinagre de vinho branco. Simples assim, delicioso como nunca e na minha memória pra sempre.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
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